quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Amargos açoites

Com as mãos
pegou e espremeu,
me torturou
como podia.

Não tinha arego,
pão não recebia,
nem um pano umedecido
em minha boca eu sentia.

Me cortou com navalhas,
e minhas feridas com limão escaldava,
ao sol me prostava
e queimadura se formava.

Eu já cega,
quem me era carrasco não via,
voz eu escutava
que seu nome entonava.
Voz mentirosa
eu dizia.

Não acreditava no que ouvia,
depois de tanto apanhar
só podia estar a variar.

Meu amor,
me mantinha viva,
esse relutante
nunca se esvaia.

De alguma mão,
bendita mão,
colírio jorou
e meus olhos inebriados
de escuridão,
a luz se mostrou.

Vi quem me açoitava,
era quem me viva mantinha
com tanta desilusão

Meu amor,
não mais relutou
e meu corpo
se entregou.

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Dor Profana

Vácuo, escuro
denso, interno.
Agonia fervecente,
enraizada em minha mente

Insanidade já não me é estranha
nos sombrios vales da minha mente
ela me acompanha

Vivo numa masmora
que eu mesma costrui, edifiquei
e la me tranquei,
tenho minha solitária
e me nego abandona-la

Passam os dias
nada modifica, nada sinto
e nem quero sentir

Sentimentos enganam
quando você abaixa a retaguarda
sente uma lamina amolada

Essas não são confissões
de um coração magoado,
são pensamentos
de uma mente atordoada

Esperanças não realizadas,
sonhos acabados e
amores ouriçados

Não peço clemência
e muito menos piedade
sinceramente
hipocrisia me enoja

Quero apenas
um par de meias
ou uma aquecedor para
meus pés gelados.

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Invadida

Borboletas voam
por dentro, por fora
por cima, por baixo

Formigas circundam
por cima, por baixo
por dentro, por fora

Borboletas no estômago
Formigas nos pés

Você entre
as borboletas e as formigas
não voa
nem circunda

Você suga
por fora, por dentro
por baixo, por cima


Você
em meu corpo
em minha alma

Você me domina