quinta-feira, 30 de abril de 2009

Foi você

Não dá pra correr
a cada pé de distancia
mais aflita fico

Não dá pra explicar
não era pra ser
mas é

Não dá pra esconder
a nitidez do olhar
não nega

Não dá pra mentir
a traição a nós
seria maior

Não dá dizer
assim com palavras
a boca fica seca

Não dá pra enganar
foi a primeira verdade
que aconteceu

Não dá pra esquecer
foi muito forte
por assim dizer

Não dá pra parar
a velocidade não
perde a sequência

Não pra pra tentar
não foi escolha
é evidente que me prende

Não dá pra não ver
vejo com os olhos fechados
são as cores mais fortes que já vi

Não dá pra esfriar
a palma da mão soa
e tudo escorrega

Não dá pra morrer
se a cada vez que
meus olhos te veem renasço

Não dá pra viver
nessa angustia
de não poder ter você

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Cartão-Postal

Ao abrir minha caixa de correio hoje tive uma surpresa, ao ver um cartão-postal, o que me fez pensar: Quem me mandaria um postal? Ao analisa-lo vi que não se tratava de uma promoção de vendas, que é o que recebo por correio além de contas a pagar, mas era de um cara genial. Sabe aquele cara que aonde chega é o centro das atenções, sem mesmo tentar se-lo? Que tem a mulher que quer? Que conquista desde o padeiro ao intelectuáloide em evidência? Esse é o Samuel, ou melhor Samuca como ele gostava de ser chamado.
E ao ler esse postal me veio lembranças de nossos dias de glória, o conheci num lugar peculiar, no bar da faculdade, não lembro exatamente como foi esse encontro, mas desde que nos conhecemos nos tornamos grandes amigos, sempre saiamos para beber, e no fim da noite iamos a busca de companhia, grandes dias estes!
Até que ele começou a namorar, o que me deixou boquiaberto, sem querer desmerecer a Claudinha que por sinal é estonteante, aquele tipo de mulher que te deixa zonzo, mas para o Samuca isso era normal, era um conquistador de primeira e ele se amarrar era de se espantar, continuamos amigos, mas não nos viamos como de costume. Algumas vezes saiamos eu, o Samuca, a Claudinha e o Murilo, o tal Murilo era amigo da Claudinha, que acabou se tornando o melhor amigo do Samuca, eles não se desgrudavam, isso na época me causou um pouco de ciúmes, sentia que meu amigo fora roubado, eles eram muitos parecidos, tinham o mesmo brilho no olhar que encantava a todos, acho que a própria Claudinha sentia ciúmes de atenção, ela tentava deixar o Murilo de lado mas o Samuca sempre o chamava para acompanha-los.
Eles formavam um belo casal, depois de quatro anos decidiram se casar, já estavam noivos há um ano, casamento na igreja não era muito a do Samuca mas como era o sonho da Claudinha, não era nada demais ceder um pouco para a felicidade de sua futura esposa.
Uma semana antes da cerimônia, como de praxe fizemos uma grande festa para a Despedida de solteiro; o solteiro convicto da turma estava prestes a se casar a festa tinha que ser grande e foi. Fechamos nosso bar preferido, algumas strippers, muita bebida, mas algo me espantou naquela noite ele parecia pertubado com algo, ao que percebi fui ter com ele para ver se podia ajuda-lo, mas apenas um sorriso e uma piada recebi como resposta, mas refleti que devia estar nervoso, pois em uma semana sua vida mudaria completamente.
No sábado às 19:oo horas a Paróquia São Luís estava lotada, nunca tinha visto uma igreja com uma aglomeração de pessoas tão grande, talvez porque não tenho hábito de frequentar igrejas, reencontrei colegas de faculdades, antigas namoradas minhas e do Samuca também, algumas desacreditadas que aquele conquistador irrefutável tinha escolhido a monogamia como forma de vida.
Mas algo nada comum aconteceu naquela noite de sábado, o que seria normal era a noiva se atrasar, mas ela não se atrasou, quem estava atrasado era o Samuca, e não era um costume dele atrasar-se, pelo contrario era sempre pontual, tentaram ligar, fui a casa dele, mas nada do Samuca, ele não apareceu.
Nem a familia sabia o que acontecera com ele, fiquei mais três anos sem noticias dele, até que recebi uma ligação, era o Samuca, ao me responder que era ele disse:

- Cara você desapareceu o que aconteceu? Onde você esta?
- Estou bem, estou na Irlanda.
- Mas porque fugiu assim Samuca?
- Ah Claudinha estava me pressionando muito, não queria casar, na verdade há muito tempo já não sentia mais nada por ela, mas ela além de minha namorada, era uma companheira para mim, sempre estava quando eu precisava, você sabe disso! E como eu iria magoa-la? Eu não tive coragem, mas havia outros motivos que me fizeram fugir do Brasil, não posso culpa-la, o errado fui eu, e gostaria de pedir um favor para você, em nome dos velhos tempos...
- Claro, só pedir.
- Não sei se ainda tem contato com a Claudinha, mas tente acha-la e fale que pedi perdão, é que só não faço isso, porque me envegonho de tudo isso.
- Falo com ela hoje mesmo, ainda tenho o telefone dela, nos vimos há uns dias atras, ela está bem agora, já está casada, mas passou por maus bocados naqueles dias...
- Eu sei disso, por isso lhe peço isso amigo, já se passou um tempo creio que ela há de me desculpar
- Isso já não sei mas prometo que darei o recado, mas quais outros motivos te levaram a fugir?
- É uma longa história te explico isso outro dia, agora tenho que sair, estou atrasado. Ah muito obrigado! Tchau
- Sem problemas! Tchau

E desde esse telefonema há uns seis meses atras não tive noticias do Samuca, até o dia de hoje no qual recebi esse postal, que ao terminar de ler eu decifrei qual foi "os outros motivos" do Samuca . No final do postal esta escrito assim: "Saudades, um grande beijo Samuca e Murilo!"



E assim continuo meu dia, mas "mistérios sempre há de pintar por aí" como diria Gil.