quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Depois de algumas doses de whisky..

Sentando num bar sozinho bebendo meu whisky, escuto o cantor, estatura média e violão medíocre, tocar uma canção que não me era estranha, minha memória fugira e não me ajudava a desvendar o enigma da tal canção. Já não queria mais beber e nem escutar aquele cantor, de voz rouca. No caminho para casa aquela dúvida do que aquela canção significava não saia de minha mente, me torturava. Chegando em casa fui direto para meu quarto escuro, me deitei peguei meu calmante no criado-mudo e desisti de tentar desventar o mistério da canção, e como dormi bem naquela noite.

Noutro dia, logo de manhã, nem me lembrava da duvida que permeiara minha mente na noite anterior (esses anti-ansiolíticos são milagrosos), fui ao mercado e estacionei meu carro,na vaga que como de costume sempre estaciono, não gosto de mudanças me provocam naúseas e enxaqueca.

Comprei o necessário, na fila do caixa já nervoso com a demora, sinto algo conflitar com meus quadris, me viro rapidamente na ansia de demonstrar minha revolta, mas me assusto ao ver o rosto de quem conduzia o carrinho de mercado que há poucos instantes havia me causado ira, Me viro para frente novamente e me esforço para lembrar daquele rosto mas minha memória me traía novamente, ouço uma voz doce a me chamar:

- Caio é você?

Me viro ansioso e olho aquele rosto, com uma fisionomia de dúvida, mas depois de ouvir aquela doce voz e ver aqueles olhos esverdeados minha memória me respondeu, pois tinha recebido um presente e assim não se negou em me ajudar.

Sim, era isso, agora tudo fazia sentido, era ela, era a canção...

Olhei fixamente naquele belo par de olhos e respondi:

- Sim, sou eu ... Camila é você?

E ela sorriu, nossa havia me esquecido de como seu sorriso era lindo, senti fremitos nas celulas do meu corpo, não acreditava o meu primeiro amor estava bem na minha frente, mas agora com uma beleza madura, sim ela se tornara uma mulher espetacular, e aquela canção veio novamente em minha mente era a nossa canção, era Deus me avisando que meu amor voltara pra mim, eu ateu estava até acreditando que podia ser um aviso de Deus, meus pensamentos foram cortados por ela:

- Você está ótimo Caio, me conte como está sua vida, já se casou? Tem filhos?

Minhas pernas tremeram, comecei a me questionar se ela estava casada, se tinha alguém, minhas veias pulsavam e logo respondi:

- Não, ainda não encontrei a mulher da minha vida, ou ela não me encontrou.

Estava nervoso e como sempre tentei ser engraçado mas logo completei:

-Você também está ótima, se tornou uma mulher, imagino que já se casou

Ela sorriu novamente, aí meu Deus a ansiedade pela resposta fazia minha mãos suarem, mas ela logo me respondeu:

- Não tenho tempo para amores meu trabalho toma todo meu tempo...

Como foi bom ouvir aquela isso, conseguia agora respespirar normalmente. Logo ouvi a caixa:

- O próximo, por favor!

Mas meus pés estavam presos ao chão, não conseguia me mover, ficava contemplando-a. E ela me disse:

- É você, Caio.

Fiquei sem jeito, me recobrei e me encaminhei ao caixa.

Quando fui me despedir, ela me deu um cartão e disse:

- Me ligue, vamos beber alguma coisa.

Ela passou pelo caixa e se foi, fiquei em êxtase, ela me queria.

Não a tirava da cabeça, nem trabalhar eu conseguia. Cheguei em casa e fiquei me questionando se ligava ou não. Decidi ligar. não aguentei ansiava por encontra-la, logo ela atendeu:

- Alô?

- Alô, Camila é o Caio. Espero não estar incomodando-a.

- Claro que não Caio, fico feliz que me ligou achei que não ligaria.

- Então queria saber se tem planos pra hoje a noite?Pois senão tiver conheço um bar ótimo. E como quase todas as noites vou lá gostaria de convida-la para me acompanhar!

- Pode ser!

E assim marcamos às 21 hs, no bar que na noite anterior ouvira nossa canção. Tanta antecipação e ansiedade que eu não conseguia me sentir confortavel a sua espera.

Repentinamente ela surge, num vestido tubo preto que me lembrou de Audrey Hepburn, mesmo corpo de menina, mesmo olhar fascinante.

Ela me procurava, parecia não me enxergar, acenei e ela sorriu, e que sorriso!

- Me desculpe, não achei minhas lentes.

Pedi um drink, ela me acompanhou, falamos do que nos decorreu nos anos que passaram desde a última vez que nos vimos, o papo fluia com facilidade, quando me senti seguro e confortavel para me abrir, obviamente que isso só ocorreu depois de algumas doses de whisky,contei-lhe que ouvira nossa música na noite anterior naquele bar onde estavamos, e depois de reencontra-la no mercado percebi que só podia ser o destino, enquanto eu me declarava ela olhava para o chão para as mesas ao lado evitava me olhar, ficou sem graça, assim que terminei ela voltou a falar de seu trabalho como se eu não houvesse falado nada demais e logo depois disse que necessitava acordar cedo no outro dia e que tinha que ir embora, e assim ela se foi sem proferir nem uma palavra sobre o que eu disse, ela me beijou o rosto e se despediu e eu fiquei a observa-la sair, pensando que nem aquela tradicional frase falsa ela me dissera " Nos vemos por aí" , pelo menos foi digna. Logo me veio a mente uma frase que ouvi outrora em "Todas as mulheres do mundo" "Ninguém passa duas vezes no mesmo lugar".

Na verdade nem sei porque estou contando essa história e nem porque me lembrei dela...Ah sim, queria me lembrar do nome daquela canção do bar, mas não consigo, minha memória como de costume me traí...


2 comentários:

Anônimo disse...

muito bom!
e a gente que vez ou outra encontra alguém que vale a pena, e vez em sempre faz questão de não lembrar a música e deixar o destino nos guiar, mesmo que pra acabar com um "nos vemos por aí".

essa vida!

Hallana Hindira disse...

Olha passada!

Uma coisa meio que "não sei o que vai acontecer"...
Olha você está com uma habilidade!

Aproveite isso

um beijo